O BRASIL QUE SAI DAS URNAS

No caminhar do 2º módulo da 7ª turma do Curso da Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC), o professor de História da UnB e cientista político, Fernando Horta, compartilhou com os(as) educandos(as): “O Brasil que sai das urnas”.

Para o professor da UnB ficou evidente nas eleições 2018 a luta de classes no País e a consequente criminalização lançada sobre todas as pautas associadas à esquerda, aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, e aos direitos humanos. 

Segundo Fernando, de um lado a elite conservadora precisava eleger seu presidente e seus parlamentares, para dar legitimidade popular ao golpe jurídico-midiático, intitulado impeachment, que retirou em 2015, a presidente Dilma Rousseff, e seguiu seu propósito com as medidas desastrosas contra classe trabalhadora defendidas pelo governo de Michel Temer (aprovação da PEC que congela por 20 anos os investimentos em políticas sociais, a reforma trabalhista, venda do pré-sal e das nossas riquezas naturais, e tentativa de aprovação da “reforma” da previdência). A última manobra foi a prisão política do ex-presidente Lula, aprisionado sem prova o, e por fim impedido de concorrer as eleições presidenciais.

De acordo com Fernando Horta, do outro lado estava a classe trabalhadora brasileira, que em detrimento dos interesses do Capital Nacional e Internacional (sobretudo dos Estados Unidos), vem levando em suas “costas” todo o peso da crise econômica mundial: perdas dos direitos dos trabalhadores(as), na CLT, na Previdência e dos recursos públicos que deveriam ir para moradia, reforma agrária, educação, saúde, entre outros.

A partir deste contexto eleitoral de evidente disputa de classes no Brasil, o nome de Jair Bolsonaro (PSL) é o que melhor representou e representa os mais ricos, a maioria dos homens brancos e os interesses do capital nacional e internacional. Enquanto Fernando Haddad (PT) representa os(as) mais mais pobres, as mulheres, os(as) pardos(as) e negros(as), e a defesa de um governo democrático e popular.

Nesta disputa desigual de classes, o professor da UnB afirmou que “ganhou” a batalha em 2018, o candidato da elite conservadora, o Jair Bolsonaro da violência política, das fake news nas redes sociais... “Venceu” aquele que representa os interesses dos patrões, dos empresários, dos abastados de bens...

Fernando Horta afirma que com a eleição de Bolsonaro, vieram outras desastrosas “vitórias” da elite:
 *Metade do Congresso eleito é milionário e se declara político profissional;
*Reeleição da metade da bancada ruralista;
*Crescimento de 70% da bancada da “bala”;
*Volta dos militares. Dos 73 policiais e militares eleitos neste ano, 58,9% estão filiados ao PSL, partido do presidente eleito, entre outros retrocessos.

 “O Brasil que sai das urnas é se revela a favor da tortura, do autoritarismo policial, do preconceito as minorias, da violência contra as mulheres e aos homossexuais. Um Brasil anticomunista e anti-intelectualista”, confirma Horta.

Diante do cenário posto, o professor da UnB acredita e defendeu diante da turma: “Resistência, defesa das liberdades individuais, aumento da diversidade, presença e visibilidade na luta dos trabalhadores e trabalhadoras nas redes sociais e maior participação e organização das organizações sindicais e movimentos sociais, com presença formativa e permanente na base. Ah... Sempre é bom lembrar: NINGUÉM SOLTA À MÃO DE NINGUÉM, VAMOS À LUTA!”.

AVALIAÇÃO
Para o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG Carlos Augusto Silva (Guto), a análise defendida pelo cientista político Fernando Horta é fundamental para que o Movimento Sindical reflita sobre o cenário posto e as políticas públicas que serão trabalhadas pelo governo eleito. 

Guto ainda afirma que a Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC) e o conjunto do Sistema CONTAG, devem ter discernimento diante do novo cenário posto para melhor direcionar suas ações em defesa da Agricultura Familiar. “A formação deve ser instrumento fundamental para que os nossos(as) dirigente sindicais (homens mulheres, juventude e terceira idade) possam aprofundar o debate sobre as mobilizações de massa, a organização dos Sindicatos, das Federações e da CONTAG. Primando também temas importantes como o controle social, a participação nas políticas públicas e nos espaços institucionais, nas cooperativas e associações de base, entre outros. A partir desta articulação mais ampla acumularemos a força necessária para combater as propostas atrasadas e preconceituosas do governo eleito, e seguiremos em defesa das pautas dos trabalhadores(as) rurais”, avalia o secretário de Formação da CONTAG. 

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