Educandas e Educandos da 7ª Turma Regional Norte lançam manifesto em defesa da Amazônia.

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Nós, educandos e educandas da 7ª Turma do Curso Regional de Formação em Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário da Região Norte, realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) por meio de sua Escola Nacional de Formação(ENFOC), reunidos(as) em Boa Vista- RR no período de 23 a 30 de setembro de 2019, e, diante da grave situação que atravessa a Amazônia Brasileira, lançamos o seguinte manifesto:

Somos trabalhadores e trabalhadoras do campo, da floresta e das águas que constroem o Movimento Sindical nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e como tal, defendemos o reconhecimento da história de resistência dos povos amazônidas nesses mais de 500 anos de colonização e de projetos desenvolvimentistas baseados na exploração desmedida e na destruição da floresta e dos recursos naturais da Amazônia, que se chocam com o nosso modo de ser e de conviver com os recursos que, para nós, são de uso coletivo cujo cuidado aprendemos com a sabedoria de vida não capitalista adotada e assimilada milenarmente pelos povos originários.

É preciso defender a Amazônia da sanha do capitalismo que nos ameaça como trabalhadores e trabalhadoras em nossos territórios, muitas vezes injustiçados, expulsos de nossas terras, torturados e assassinados nos conflitos agrários e socioambientais, humilhados pelos poderosos do agronegócio e dos grandes projetos econômicos. Somos agricultores e agricultoras seringueiros, indígenas, quilombolas, extrativistas e coletores que sobrevivemos do que a terra e a floresta nos dão generosamente. Por isso, combatemos de forma veemente o uso dos venenos na plantação, amplamente liberados pelo atual Governo Federal e sua política criminosa que ameaça nossas vidas e nossas utopias de construir o “bem viver”.

A Amazônia está em chamas, e as taxas de desmatamento estão intimamente ligadas à incidência de fogo, que é uma das principais ferramentas usadas para desmatar. Além disso, a política de incentivo ao agronegócio do Governo Federal tem contribuído para o retrocesso ambiental. São ações que promovem uma política de desmonte das estruturas de fiscalização e de proteção ao meio ambiente, abrindo margem para a exploração e para o desmatamento de forma desordenada.

Acreditamos que com base na organização política dos movimentos sociais e sindical, articulando nossas lutas e resistências, com acesso a tecnologias regionais e nacionais, é possível desenvolver potencialidades econômicas e sociais sustentáveis para a Amazônia em perfeito equilíbrio, porém, o Estado brasileiro precisa cumprir e ampliar seu papel como promotor das políticas públicas que tragam melhorias de infraestrutura, saúde, educação e fomentos para os trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e demais populações residentes.

Para finalizar, no momento em que os olhos do mundo se voltam para a Amazônia, reafirmamos nosso compromisso ético e político por um Projeto Alternativo de Desenvolvimento Sustentável e Solidário, dentro dos princípios da agroecologia, por corresponder a um modo de vida de inter-relação e interdependência com a terra e a natureza.

 Roraima, 30 de setembro de 2019.

7ª Turma do Curso Regional de Formação em Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário da Região Norte

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