Por que a Marcha das Margaridas não defende o projeto encabeçado por Bolsonaro?

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A Marcha das Margaridas é uma ampla ação estratégica das mulheres do campo, da floresta e das águas para conquistar visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania plena, contra a exploração, a dominação e todas as formas de violência e em favor de igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres.

É coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), suas 27 Federações e mais de 4 mil Sindicatos filiados, e também é construída em parceria com os movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.

A Secretaria de Mulheres da CONTAG e as organizações parceiras da Marcha das Margaridas vêm reforçar que o atual governo federal, que pleiteia a reeleição, está longe de ser o governo que as Margaridas desejam para o Brasil.

Ao longo dos últimos quatro anos, o presidente da República, seus ministros e ministras e aliados/as tem demonstrado total descaso e desrespeito com a luta e com as políticas direcionadas às mulheres.

Nos últimos anos, o orçamento destinado à execução dessas políticas vem sendo cortado drasticamente. A ação de apoio à organização econômica e promoção da cidadania de mulheres rurais, que tinha recursos na ordem de R$ 32 milhões em 2014, em 2017 foi para R$ 11,3 milhões. Em 2018 caiu para R$ 5,1 milhões e foi zerada a partir de 2019 e assim permanece até a proposta inicial de 2023. O mesmo ocorreu com a ação 218B – “Política para as mulheres: promoção da igualdade e enfrentamento à violência”, que tinha R$ 25,0 milhões em 2019 e foi zerada a partir desta data.

Sem contar as constantes agressões verbais a parlamentares e jornalistas mulheres, o descaso com a luta por igualdade de salários independente do gênero – dizendo que não pagaria o mesmo salário a uma mulher porque engravida, entre outros absurdos.

O atual governo também defende a “Pátria Armada” e temos visto o quanto a vida das mulheres vêm sendo impactada com essa flexibilização do armamento da população. Em 2021, foram 1.319 mulheres vítimas de feminicídio.

Como defensoras da Agroecologia, através da Marcha das Margaridas também denunciamos o recorde na liberação de agrotóxicos. Foram 1801 produtos registrados entre janeiro de 2019 e junho de 2022, ameaçando a saúde, a proteção e conservação da sociobiodiversidade, dos bens comuns e a produção de alimentos saudáveis.

Também expressamos a nossa indignação com dois casos recentes protagonizados pelo presidente da República e pela ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. Bolsonaro insinuou, durante entrevista a um podcast, que adolescentes venezuelanas, refugiadas no Brasil e que residem em São Sebastião/DF, estão se prostituindo e, em nenhum momento, disse que tomou providências e que encaminhou o caso para o Conselho Tutelar da região. Já Damares fez referência a casos de exploração sexual de crianças na Ilha do Marajó/PA, sem comprovar tais atos, e enquanto ministra não tomou providências nesses possíveis crimes.

Por esses e tantos outros absurdos que a Marcha das Margaridas reafirma o seu compromisso com a vida das mulheres, por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência. NÃO ao machismo, à misoginia, à exploração dos nossos corpos, a todas as formas de violência, ao racismo e sexismo!

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