Para Elza Falkembach, uma das organizadoras do livro junto com Iara Lins e Raimunda Oliveira, “a sistematização permite juntar cacos e construir vitrais”. Segundo ela, é uma forma especial de fazer pesquisa, pois, além de ser feita coletivamente, os pesquisadores são os próprios sujeitos da vivência. “Quanto maior o coletivo, maior será a aproximação. É uma polifonia, um turbilhão de vozes”.

Animada e emocionada, Iara Lins (Assessora de Formação e Organização Sindical da Contag), apresentou as equipes que elaboraram os textos, compostas por representantes de 19 Federações (PA, GO, RO, ES, PI, PE, MA, CE, MG, SP, AL, BA, MS, RJ, RN, RS, SC, SE e TO). Estes, por sua vez, finalizaram o discurso com depoimentos como “precisamos sistematizar nossas vivências para que elas não sejam esquecidas” e “ este livro é a construção de um legado de saberes que nos inspira na luta por uma nova sociedade”.

Tendo como guia a voz de Nicole Nicoluzzi (uma das autoras do livro, SC), o auditório inteiro levantou-se e cantou junto o refrão composto por Rudimar Barea (também um dos autores do livro, RS): “Escola Nacional de Formação! Escola Nacional de Formação!”




Almanaque Enfoc – Um Fazer de Muitas Mãos
O segundo livro lançado foi Almanaque Enfoc – Um Fazer de Muitas Mãos. Expressão dos sonhos dos que constroem a Enfoc , o Almanaque nasceu do desejo de se ter algo que ajude o processo de multiplicação criativa da Enfoc. Nele, encontram-se vida, pessoas, sentimentos, sabores, alegrias, lembranças e vivências.

O Almanaque, escrito coletivamente, foi apresentado ao público por meio de uma carta redigida por todos da equipe e lida com emoção (e muita força em tentar conter as lágrimas) por Viviane Rodrigues, educadora popular da Enfoc (Sergipe) e uma das autoras da publicação. A carta dizia que “a experiência da escrita é coletiva. Somos autores de cada texto deste almanaque. (...)Distâncias geográficas deixaram de existir com um único sentimento: o de fortalecer cada vez mais a nossa escola.” E concluiu bravamente: “desejamos que as práticas metodológicas escritas nessa publicação possam alegrar, emocionar e ser reinventados nos vários cantos do Brasil e do mundo!”.

No desfecho, o cantor, poeta e compositor Zé Vicente elogiou a beleza das flores e da natureza e cantou os versos “eu sou o amor, sou o luar, sou o movimento, sou a água viva” (da canção Eu Sou Bem Mais, de autoria própria), fazendo o público se levantar, cantar e aplaudir ainda mais toda a equipe.

Controle Social e Mobilização pelo Direito à Saúde
Foi a partir do querer das mulheres do campo e da floresta que a Comissão de Mulheres Trabalhadoras Rurais, multiplicadores(as) e técnicos(as) contribuíram com a publicação do livro Controle Social e Mobilização pelo Direito à Saúde das Populações do Campo e da Floresta, escrito pelas autoras Maria do Socorro de Souza (Assessora da Contag) e Petilda Serva Vasquez (Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp).

Para Socorro Souza, sistematizar a produção de conhecimento nos coloca na condição de filósofos: “Porque estaremos pensando o mundo de forma crítica”. O livro é um dos poucos que mostra a luta dos povos do campo pelo direito à saúde, direito esse historicamente negado.

A Terra e o Povo Negro
O Núcleo de Estudos Negros – NEN lançou o livro A Terra e o Povo Negro – Histórias, Políticas e Desenvolvimento no Meio Rural Brasileiro, organizado por Joana Célia dos Passos (colaboradora da Enfoc) e Tânia Tomázia do Nascimento (colaboradora do Núcleo de Estudos Negos no Projeto Terra Negra Brasil). A publicação fala da terra negra no Brasil: desafios e equidade no meio rural, os reflexos da diáspora africana no país, desenvolvimento, terra e identidade negra no meio rural. Registra também as raízes negras no campesinato brasileiro e o desenvolvimento rural no Brasil e as desigualdades sociais.

Na ocasião, Joana Célia fez uma entrega simbólica do livro ao presidente da Contag, Alberto Broch: “Como forma de convidar as federações e sindicatos a participarem dessa luta, que não é só do movimento negro”.

Vozes do Campo
Ao som de um “Chuá, Chuá...” os presentes não contiveram a emoção durante a homenagem aos líderes ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinados este ano no Pará. O clima marcou o lançamento do CD Vozes do Campo, o último trabalho a ser apresentado. O CD é parte de um programa de Educação que vem sendo desenvolvido no Estado do Pará.