Com os pés lavados pelas águas do mar da Boa Viagem e embalados ao som do ritmo da ciranda aproximadamente 70 lideranças sindicais participaram do encerramento do 2º módulo da 4ª turma estadual da Enfoc Bahia, na última sexta-feira (15). O grupo que esteve reunido, durante uma semana, na Organização Fraternal São José, no Largo de Roma, em Salvador. O grupo que esteve reunido durante uma semana participou de diversas oficinas e aprofundou as discussões sobre gênero, juventude e prática sindical.
O assessor de Formação da Contag e educador popular da Enfoc, Amarildo Carvalho, promoveu um júri simulado que empolgou e estimulou o grupo. Isso ajudou à/os educanda/os a compreenderem os diversos tipos de sindicalismos e os reflexos das posturas destes na sociedade. “A Contag deve se orgulhar da Rede de Educadoras/es. Estou maravilhada com o trabalho especial da ENFOC. Irei colocar em prática o mutirão sindical e o GES, porque a base aqui está carente. Este segundo módulo veio ensinar e alertar para novas práticas sindicais”, afirmou a Diretora e Secretaria da Juventude do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Vitória da Conquista, Vitória Alves dos Santos.
A jornalista Mia Lopes realizou a oficina sobre gênero e mediou o debate que contribuiu para a compreensão de que as relações de gênero, especialmente no campo, estão permeadas de desigualdades e que muitas vezes essas violações são naturalizadas. Ficou evidente nas falas das/os educandas/os que as violências e opressões estão intensamente presentes no dia-a-dia das mulheres, mostrando a necessidade de continuidade e aprofundamento do debate.
A partir da música Não é sério, de Charlie Brown Jr., foram feitas reflexões sobre a exclusão sofrida pela juventude no espaço midiático. Com esse mote, os educadores populares Jordani Vieira e Otávio Cazuza coordenaram a oficina sobre juventude. Compromisso com a causa da juventude, a necessidade de aprender para inovar na base foram algumas das expectativas apontadas como interesse pelo tema. Já as pessoas da terceira idade afirmaram sobre a oportunidade de aprender agora o que não foi possível na juventude.
Nas duas oficinas foi possível notar a influência perversa da mídia na construção de um imaginário de poder e fomento ao consumo como estratégias de dominação e esvaziamento do pensamento crítico, especialmente por parte da juventude. Temas como a homossexualidade e a negritude e como esses (entre outros temas) são utilizados pejorativamente pela mídia para discriminar uma parcela da sociedade surgiram dentro das discussões. Daí a necessidade do trabalho formativo e de base como instrumentos de quebra dessa hegemonia.
Para o agricultor e Secretário de Finanças do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Sítio do Mato, Edmundo Nascimento, essa formação “marcou”. “Aprendi o jeito certo de fazer muitas coisas em nossas base. E foram aulas que me encorajaram a seguir em frente com uma mente repleta de novidades”, afirma. Ivan Santos, também agricultor e Secretário de Jovens do STTR de São Felipe, região do Recôncavo da Bahia, afirmou a importância da discussão de gênero. “Pude entender muita coisa e compartilhar minhas experiências e forma de pensar”.
A secretária de Formação e Organização Sindical da Fetag-BA, Vânia Marques Pinto, comenta que tudo isso só foi possível pelo belíssimo trabalho que a Rede de Educadoras/es tem realizado. “É claro que a autonomia que foi dada para planejar e executar as ações permitiu que deixassem fluir a criatividade e a disciplina. Tanto a turma quanto os que estão atuando como educadores/as estão mais maduros e mais concentrados nas atividades. Isso permite perceber que os processos educativos devem ser contínuos, e que por mais que estudemos sempre tem algo novo a aprender”.
Durante o curso houveram também discussões sobre o dia a dia do sindicato, a representação e representatividade, coordenados pelos educadores populares Rose Novaes e Zeca Mendes. Já o debate sobre o trabalho de base, com apresentação de experiências exitosas foram apresentados pelo coordenador regional da Chapada Diamantina, Suede Filho e Leidjane Baleeiro, coordenadora do polo da região de Guanambi. O grupo também recebeu uma aula sobre como fazer a análise de conjuntura com a Secretária de formação estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Inalba Fontenelle, e a secretária de formação e cultura da CTB Nacional, Celina Areas. Elas falaram sobre categorias como tática e estratégia, além da concepção sindical.
Além de festividades, durante a noite as/os educandas/os também participaram das oficinas de educação, arte e comunicação popular, numa continuidade do primeiro módulo, com as educadoras populares Maria Ingrácia Couto (SE) e Rosely Arantes (PE). O grupo se reunirá novamente no final de agosto, quando acontecerá a formatura. O passo seguinte será replicar, nos respectivos municípios, os processos formativos vivenciados durante esses três módulos e criação de Grupos de Estudos Sindicais – GES.
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