FETAPE fortalecendo a Educação do Campo no estado

“Educação do Campo: Direito Nosso, Dever do Estado!” Foi com esse grito que os cerca de 190 educadores e educadoras que trabalham no Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA Campo) – Ensinos Fundamental e Médio encerraram a mística de abertura do Encontro de Formação coordenado pela Fetape, em parceria com os Sindicatos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais e com a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, no Centro Social Euclides Nascimento, em Carpina, que começou ontem e segue até esta quarta-feira (14).

Após a cerimônia de abertura, que contou com representantes da Fetape, do Instituto Manoel Santos e da Gerência de Educação do Campo do Estado, os/as participantes puderam conferir uma Mostra Pedagógica das produções dos/as estudantes das 65 turmas que estão sob a coordenação da Federação, em 23 municípios, distribuídos entre as regiões Agreste e Sertão de Pernambuco. A exposição norteará a discussão sobre a importância do currículo integrado, um dos temas da formação.

A Mostra é uma oportunidade para que seja percebida a importância da construção do conhecimento, a partir de eixos temáticos que dialogam com a realidade do homem e da mulher do campo, envolvendo Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática. Conteúdos escolares que possibilitam uma aprendizagem significativa.

Para o vice-presidente e coordenador do Setor de Políticas Sociais da Fetape, Paulo Roberto, há uma necessidade permanente de formação com os educadores que estão em sala de aula com mais de 1.600 alunos. “Nós assumimos um desafio de, a cada seis meses, realizar formações a fim de aprimorar a prática pedagógica, da melhor forma possível, buscando garantir um aprendizado, com uma linguagem que seja compreensível para os educandos”, afirma.

Nessa construção, o dirigente reconhece a importância da parceria com a Secretaria Estadual de Educação, por meio da Gerência de Educação do Campo, para que esse processo formativo possa avançar ainda mais, e que as estruturas possam estar à altura das necessidades da educação do campo no estado.

“Pernambuco procura as instituições do campo que são parceiras, que atendem as populações do campo ligadas a luta pela terra, para esse processo de discussão e de construção dessa política pública estadual. Hoje, nós temos 1100 pessoas, entre professores e técnicos, envolvidos em todo o processo educacional e pedagógico. Além de 458 turmas de educação do campo, distribuídas nas três regiões do estado”, comenta o gerente de Educação do Campo, Jailson Santos.

Todos/as sabemos que a educação transforma a vida de qualquer indivíduo. Porém, quando falamos em educação do campo, essa transformação ocorre a todo o momento. Que o diga o professor da área de Ciências da Natureza Tádio Lúcio dos Santos Rodrigues, do município de São José do Egito, no Sertão do Pajeú. Ele, que trabalha com duas turmas do Programa EJA Campo, na zona rural, há três anos e meio, destaca que o Programa tem elevado a autoestima do homem e da mulher do campo. “Já presenciei alunos diagnosticados com depressão e que melhoraram profundamente depois que começaram a participar das aulas. Eles se sentem pertencendo a um meio, se sentem valorizados e isso eu avalio que seja o conjunto de metodologias do Programa”, analisa.

Para Tádio, o Programa oferece uma oportunidade que o município não tem: trabalhar com educação a partir da realidade do aluno. Com isso, o nível de presença em sala de aula é de 100%.

Já a professora do Ensino Fundamental Rossana Monteiro de Souza, do município de Bom Conselho, localizado no Agreste Meridional, ensina uma turma com 19 alunos/as, na comunidade Cachoeira do Pinto. Há dez anos, trabalha no campo com escola regular, mas há quatro está no Programa EJA Campo.

“A turma que eu trabalho é muito ativa politicamente. Opina, compreende o processo político pelo qual a gente está passando e isso foi uma construção, porque uns já tinham essa clareza e outros não. Com isso, eles vão tendo consciência da realidade em que eles vivem e vão percebendo, aos poucos, que não é necessário sair do campo para ter uma vida digna”, avalia Rossana.

Em Pernambuco, a Fetape atende, aproximadamente, 1600 educandos/as entre trabalhadores/as rurais e agricultores/as familiares, com idades que variam de 20 a 72 anos.

O Programa desenvolvido pelo Governo Federal em parceria com o Governo do Estado, o Programa EJA Campo tem por objetivo elevar a escolaridade de jovens e adultos em consonância com um projeto de desenvolvimento sustentável do campo.

A EJA Campo nasce a partir da organização e da luta dos Movimentos Sociais do Campo, quando reivindicam a Política Pública de Educação do Campo e, a partir dessa pauta, o Decreto Presidencial nº 7352/2010, do governo federal institui o Programa Nacional de Educação do Campo - PRONACAMPO, que marca o início da implementação da educação do campo como política pública.

O Movimento Sindical Rural, formado pela Contag, Fetape e Sindicatos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais, está firme na luta pelo direito dos povos do campo a terem uma educação que dialogue com sua realidade e seus interesses.



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