Em defesa de uma educação pública com gestão pública

“Não vou sair do campo pra poder ir pra escola, educação do campo é direito e não esmola”

Para discutir a atual situação e o futuro dos Cursos de Licenciatura do Campo, representantes de 38 Cursos de Licenciatura em Educação do Campo, entre os quais estão professores(as), coordenadores(as), representantes de movimentos sociais e estudantes, participam até sexta-feira(16 de setembro), no CESIR CONTAG, do Encontro Nacional dos Cursos de Licenciatura em Educação do Campo, que traz como tema: “Em defesa de uma educação pública com gestão pública”.

“Faremos nesses dias um amplo debate sobre os desafios impostos pela atual conjuntura política do Brasil, que precisam ser enfrentados para garantir o direito da formação de professores(as) dentro da Universidade. Ao todo no Brasil, existem 42 Universidades que ofertam os Cursos de Licenciatura em Educação do Campo, na perspectiva de manter o direito dos trabalhadores e trabalhadoras das comunidades, de terem escolas com professores(as) adequados(as) as especificidades do campo”, pontuou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG, José Wilson Gonçalves, ainda na tarde desta terça-feira(13), durante análise da Conjuntura Nacional, que contou com a presença do professor(UnB), José Geraldo de Souza Júnior (UnB) e do representante do MST, Alexandre Conceição.

Presente no Encontro, a professora da Universidade de Brasília (UNB), Eliene Novaes, destaca alguns desafios para avançar na garantia do direito à Formação de Professores(as) dentro da Universidade.

“Temos em cada Universidade uma situação diferente. Separamos em três grandes blocos: uma é a questão financeira, que a questão de recursos para manutenção desses cursos, a condição de continuarem funcionando na relação com o MEC e com a Universidade; outro são a questões administrativas, que têm haver com o reconhecimento dos Cursos, com implementação e consolidação dos mesmos; um terceiro ponto, são as questões pedagógicas, que primam pela garantia de um processo de formação que assegure os princípios da educação do campo. Esses desafios estão congregados nestes três grandes eixos que desafiam a Universidade organizar para que os Cursos continuem em funcionamento para garantir a formação dos(as) professores(as)”, ressalta a professora da Universidade de Brasília (UNB), Eliene Novaes.

Já a educanda do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, da UFRJ, Janaína, compartilha os desafios em continuar o Curso.

“Viemos aqui para socializar sobre o atual cenário de dificuldades que estamos enfrentando. Na minha Universidade retiraram o direito de uma bolsa de 400 reais que tínhamos, tem gente que só se mantém com essa bolsa. É lamentável”, denuncia a estudante.

O Encontro também é um espaço para que os movimentos sociais se fortalecem para garantir que direito à Educação do Campo, permaneça no Brasil.

“Partindo dessa convicção de luta permanente, em que a educação se faz necessária, é que os movimentos se colocam nesse Encontro para problematizar, mas também se colocar junto pra gente se fortalecer e unificarmos a luta pela Educação do Campo daqui pra frente”, ressalta a integrante do MST, Maria Rezende.

PROGRAMAÇÃO

O Encontro que e é promovido pelo Fórum Nacional de Educação do Campo (FONEC), segue até sexta-feira (16), com importantes mesas de debate. Na manhã desta quarta acontece uma mesa de balanço da Conjuntura Política e Educacional no País e perspectivas da Educação do Campo, com a deputada Federal pelo PT - DF, Erica Kokay e o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. Já na tarde de quarta será a vez da mesa: Cenário atual das Licenciaturas em Educação do Campo no País, com a professora Mônica Molina da UnB.

A manhã da quinta-feira(15) acontece ainda pela manhã a AUDIÊNCIA PÚBLICA - Lançamento da Campanha “Educação é Direito. Não é mercadoria”, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. A tarde será feita uma Jornada Turístico-Cultural Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios. Na noite de quinta, será marcada pelo lançamento do Livro: Identidade e Cultura dos povos do Campo no Brasil – Entre preconceito e Resistencia qual o papel da Educação, de Raquel Alves de Carvalho.

Na sexta-feira(16) será apresentada a síntese dos debates e propostas/estratégias construídas para ação e aprovado o Documento do Encontro em Plenária.

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