A Educação do Campo é tema de debate em Brasília, nos dias 26 a 28 de setembro, com pessoas de vários estados, representantes de movimentos sociais do campo e de militantes desta importante política. “A realização da reunião do Fórum Nacional de Educação do Campo (Fonec) é uma demonstração de resistência”, ressalta a secretária de Políticas Sociais da CONTAG, Edjane Rodrigues.
Os debates iniciados ontem (26) destacam a grave situação da Educação do Campo no País, resultado dos vários retrocessos aprovados pelo governo ilegítimo de Michel Temer, principalmente com a Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos em políticas públicas sociais, entre elas a educação. “Muitas escolas rurais estão sendo fechadas, os cursos de licenciaturas em Educação do Campo e o Pronera estão comprometidos, não há perspectiva de novas contratações em relação aos cursos. Isso tudo é muito preocupante para a gente”, avalia Edjane.
No primeiro dia também foi muito debatida a necessidade de as entidades(as) e os militantes que integram o Fonec assumirem o compromisso de mudar os rumos políticos do País, visando as Eleições de 2018. “Foi avaliado que uma boa escolha da Presidência da República não é suficiente. Precisamos também saber escolher os(as) deputados(as) e senadores(as). Afinal, o golpe também aconteceu e continua acontecendo com uma grande dedicação de muitos deputados(as) e senadores(as) que não representam as nossas pautas”, explica a dirigente.
Ainda no primeiro dia, a CONTAG participou da mesa Conjuntura Política e Agrária. O secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Guto Silva, além de apresentar números da Reforma Agrária, que demonstram o abandono do governo a esta política fundamental de democratização ao acesso e uso da terra, também destacou a criminalização dos movimentos sociais e o aumento da violência no campo nos últimos meses. “Fica clara para nós a estratégia do governo de criminalização dos movimentos sociais, a prova é a instalação e forma de atuação da CPI Funai/ Incra, que indiciou várias lideranças, militantes e pessoas comprometidas com a causa indígena e com a luta pela terra. Também vemos o aumento da violência no campo e, nos últimos meses, com a característica de chacina, usando o braço armado do Estado”, denunciou.
Guto Silva disse que a atual conjuntura, após golpe e a permanente retirada de direitos, está levando os movimentos sociais e os partidos de esquerda a reverem suas práticas. “Internamente, a CONTAG está discutindo o acúmulo de forças para ver como podemos incidir no Parlamento. Precisamos articular melhor os movimentos para fazer esse enfrentamento, fortalecendo, por exemplo, o Campo Unitário”, ressaltou o dirigente da CONTAG.
Hoje (27), um dos destaques da programação foi a socialização de experiências riquíssimas, positivas e de profundas transformações graças ao avanço da implementação da política de educação do campo.
Nesta quinta-feira (28), último dia, a reunião do Fonec se encerrará com a participação de todos e todas e de parlamentares em uma Audiência Pública sobre as Políticas Públicas de Educação do Campo – situação atual e perspectivas, na Câmara dos Deputados. Esta é uma iniciativa da Frente Parlamentar de Educação do Campo e contará como expositores representantes da CONTAG, MST, Fonec, das Escolas Famílias Agrícolas, entre outros.
Segundo Edjane Rodrigues, um dos principais objetivos do Fórum Nacional é reestruturar os Fóruns Estaduais onde já existem e criar onde ainda não funciona. “Hoje, o Fonec surge com um novo objetivo, pois, após o golpe e os retrocessos seguidos, torna-se um fórum de resistência na luta em defesa da educação do campo para que possamos reverter esse quadro alarmante e que compromete o acesso às escolas rurais”, avalia a secretária de Políticas Sociais, que completa: “Acredito que vamos sair muito mais fortalecidos, muito mais empoderados e com a pauta unificada, inclusive para darmos continuidade ao trabalho e aprofundar o diálogo com a sociedade sobre a atual conjuntura, principalmente com os retrocessos na educação.”
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