“Para nós, hoje, é um dia de luta. Luta e resistência porque a discriminação está presente no dia a dia, todo os dias, no trabalho, nos movimentos políticos em si ou na política.” Josicleia Vieira é do quilombo Santa Cruz, do município de Ouro Verde (MG). Atualmente, é coordenadora regional de Juventude Rural pela FETAEMG no Vale do Mucuri e diretora do Sindicato de seu município.
Ela faz parte dos 55,5% da população brasileira que se identifica como preta ou parda. E apesar da estimativa, o Brasil registrou, em 2023, um total de 176.055 processos judiciais envolvendo casos de racismo ou intolerância religiosa, segundo dados da startup JusRacial.
“A discriminação está presente e atinge nós mulheres negras, homens pretos e, principalmente, a nossa juventude que está morrendo cada dia mais. Então, hoje é um dia de reafirmar a luta contra a discriminação racial e dizer que a gente quer respeito”, compartilha a jovem Josicleia.
O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial é um convite à reflexão sobre o preconceito, discussões e ações de combate ao racismo. A data foi instituída a partir da aprovação da Lei N° 1.390, de 1951, sendo o primeiro código brasileiro contra preconceito de raça e cor da pele.
“O dia 3 de julho é uma referência à aprovação da primeira lei brasileira sobre o combate à descriminalização racial. Ela é muito importante porque ela nos possibilita fazer um ponto de reflexão sobre a necessidade da gente se mobilizar contra todo e qualquer tipo de preconceito racial, contra o racismo sobretudo”, afirma a secretária de Política Agrícola, Vânia Marques Pinto.
Tem avançado os debates que envolvem questões raciais mas, como demonstra as estatísticas, ainda é necessário muitas mudanças. A dirigente continua: “Já avançamos nesse debate em identificar que existem vários tipos de racismo. Então, esta data é muito importante para nós, as pessoas negras, que somos os principais alvos da violência policial, do racismo institucional, principalmente das pessoas que têm a pele mais escura, os jovens e as mulheres negras que são as principais vítimas do empobrecimento.”
Vânia Marques Pinto finaliza: “Hoje é um dia para comemorar a nossa existência, mas, sobretudo, para poder rememorar, reviver que o racismo continua acontecendo, que está no nosso dia a dia, acompanha as pessoas negras, as pessoas pretas, as pessoas pardas e que é necessário construir instrumentos para poder acabar com esse racismo.”
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