Formação fortalece diálogo entre o assalariamento rural e a agricultura familiar

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Os Polos Sindicais da Zona da Mata de Pernambuco são os últimos a concluírem, este ano, o Curso de Formação Social da Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc). O 3º Módulo da 1ª Turma na região começa nesta terça-feira (26) e se encerra na quinta (28,) com uma cerimônia de Transformatura dos/as participantes. 

O curso, que é uma iniciativa da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape), por meio da Diretoria de Organização e Formação Sindical, visa contribuir com a formação política de lideranças sindicais e comunitárias, para que elas possam ter uma atuação cada vez mais próxima das comunidades rurais. A ideia é também qualificar a atuação dessas pessoas na luta pela disputa de projeto de sociedade, seja nos espaços de formação, seja na negociação e monitoramento de políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável e solidário e na gestão das entidades sindicais. 

O histórico de concentração de terras, focada na produção da monocultura da cana-de-açúcar, e do forte coronelismo da Zona da Mata colaboraram para a atual situação de exclusão vivenciada pela região, com altos índices de pobreza, analfabetismo e insegurança alimentar. Frente a esse contexto, o curso da Enfoc se propõe a fortalecer o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) do Movimento Sindical Rural, estimulando novas práticas e relações sindicais, mas também um novo olhar para as formas de produção da região, destacando a importância agricultura familiar, na perspectiva da diversificação produtiva, e para assegurar uma melhor alimentação e qualidade de vida para as famílias rurais e urbanas. 

Com esse objetivo, o Curso contará com a abordagem de temas como a importância da luta pela terra e das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar agroecológica. Tudo isso sem perder de vista que o Movimento precisa estar organizado internamente e ter sustentabilidade político-financeira, para que tenha autonomia na defesa dessas e das suas demais bandeiras de luta. 

“Esse processo formativo é muito importante para a nossa região, especialmente neste momento de reorganização sindical, pois valoriza tanto a frente de luta dos assalariados rurais quanto a da agricultura familiar, preparando nossas lideranças para os desafios que estão por vir”, avalia o presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Pernambuco (Fetaepe) e diretor de Assalariados da Fetape, Gilvan José Antunis. 

Todos os módulos do processo formativo aconteceram na sede da Fetaepe, em Ribeirão, onde também ocorrerá a transformatura, na quinta-feira, às 19h.  Para homenagear o grande líder sindical da Zona da Mata, Agápito Francisco do Santos, os educandos e educandas deram o seu nome à turma. 

Segundo um dos filhos de Agápito, que hoje é vice-presidente da Fetape, Paulo Roberto, neste momento importante de formação política para as lideranças da Zona da Mata, onde são trabalhados vários eixos sobre a organização de classe dos trabalhadores e trabalhadoras, numa conjuntura como a que vem sendo vivida pelo País, é uma grande honra que a turma tenha lembrado desse grande líder. “Meu pai sempre lutou, junto com o Movimento Sindical, pela organização dos assalariados rurais, inclusive ajudando a organizar as primeiras greves dos canavieiros. Ele lutou também pelo acesso à terra, e sempre acreditou na consolidação da agricultura familiar. Então, esse é um grande reconhecimento, e é a prova de que as ideias que ele defendia permanecem na nossa mente e no nosso sangue”. 

O diretor de Organização e Formação Sindical, Adelson Freitas de Araújo, destaca que a Mata é uma região rica, em que “o chão dá se a gente plantar”. Porém, o que é necessário é que as políticas públicas voltadas para a região considerem a necessidade de reestruturação socioprodutiva desse espaço. “No curso da Enfoc, quando pegamos o nosso projeto alternativo como base, todo esse debate vem à tona, e mostra que o Movimento Sindical Rural tem um papel importante em fazer acontecer essas mudanças; em pautar os Governos sobre essas questões. Por isso o processo formativo é tão importante. Ele nos faz refletir sobre as nossas responsabilidades”, analisa. 

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